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terça-feira, 19 de abril de 2011

É tempo de caça às bruxas nas mídias sociais

Era uma vez uma marca de sapatos e bolsas que, por não conhecer o poder de mobilização dos brasileiros em torno de uma causa nas redes sociais, acabou se atrapalhando e se envolvendo em uma das maiores polêmicas já vistas na Internet.

Minha dica, dessa vez, não é somente para a Arezzo, mas para todas aquelas empresas que desconhecem gerenciamento de crise e, em situações como essa, iniciam a verdadeira caça às bruxas.

Não é novidade pra ninguém que o case Renault se tornou conhecido nacionalmente após o episódio em que montadora tentou calar uma consumidora insatisfeita através da justiça, exigindo que todos os sites criados que mencionassem o problema com a Renault fossem retirados do ar.



Depois disso, o problema não estava resolvido. A mobilização popular fez com que, mais tarde, a Renault emitisse um comunicado informando que havia chegado a uma conciliação com a cliente, que mobilizou a internet com o caso “Meu Carro Falha”.

Ao que parece, a Arezzo está tentando a mesma conciliação, mas, dessa vez, o problema não é apenas com um cliente, mas com todos aqueles que se colocam contra o uso de peles de animais para a confecção de artigos de vestuário e acessórios.

Centenas de comentários na Fan Page da marca, na Fan Page Boicote Arezzo e no Twitter criticam a nova coleção intitulada "Pelemania". Para tentar se redimir, a Arezzo publicou o seguinte comunicado em seu site:



Infelizmente, o posicionamento da Arezzo, diante da polêmica, não se resume a este comunicado. Dessa vez, a caça às bruxas foi iniciada em forma de perseguição às pessoas que estão publicando críticas, comentários, denúncias e tantos outros tipos de manifestação sobre a marca nas mídias sociais.

Não sabemos se orientados pelos departamentos jurídico e de marketing da Arezzo, mas os advogados da empresa iniciaram uma busca pelos perfis dessas pessoas, à procura de pistas e formas de contato que pudessem "dar o recado" sobre as possíveis consequências em razão dessas publicações.



O argumento dos advogados é que se tratam de comentários abusivos e violentos, mas devemos considerar que, na Internet e, principalmente, nas mídias sociais quase não existe espaço para "cerimônias". Entre um "comentário violento" e uma ação violenta como a ocorrida na escola de Realengo, no Rio, existe um abismo imenso.

Esse caso só comprova a fala do assistente de direção do Procon – SP, Márcio Marcucci, em entrevista ao G1 sobre o caso Renault. Segundo ele, esse tipo de episódio é um exemplo de como grande parte das empresas no Brasil ainda não sabe se relacionar com as redes sociais e as demandas dos consumidores.

Resta a nós esperar para ver quantos serão silenciados pela Arezzo e se essas punições servirão de alguma forma para amenizar a falha cometida pela empresa ao lançar a coleção "Pelemania" quando se fala tanto sobre proteção aos animais.

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